quarta-feira, maio 31, 2006

 
PARIS E GATOS AZUIS



Foi em Paris que me enamorei de um gato cinzento.
A cor "cinzento" não se aplica ao gato do meu namoro.

Vestia-se com um manto cinzento azulado e parecia feito de espuma fofa e escorregadia, dormiscando enrodilhado num tronco de árvore fingido.

Encaixado numa box de uma loja de animais numa rua ao pé da Notre Dame, fez com que lá voltasse mais vezes.
Foi um namoro pegado durante dias e dias.
Abria os seus olhos dengosos quando me via acenando do lado de cá do vidro.
Nem saltava nem brincava com o meu dedo espetado. Ficava do lado de lá para ser apreciado e garantir que o queria.
Um dia de Primavera, caía uma chuvinha morna, e o meu gato azul mudou-se.
Senti pena de o não ver, mas logo a seguir pude olhar para o que tinha à volta: dez, doze, vinte ou mais, todos azuis e dengosos, deitados e penduricados. Estavam por todo o lado!
Como não pude ver todos os outros gatos azuis? Foi pelo namoro com o outro.
Mas nenhum me cativou, apesar do leque de escolha.
Todos eles eram lindos, sedosos, manhosos e brincalhões...
Já sei! Eram os olhos. Os olhos do meu gato azul eram de gente. De alguém que conheci.


This page is powered by Blogger. Isn't yours?